sábado, 27 de junho de 2009

By professor3f



CHARGE DE LATUFF
Gosto de pensar nesta charge de LATUFF. Um retorno. Um descanso.

3º Módulo do Curso


O terceiro módulo se encerrou neste sábado com grande participação dos DO-SENTEs e de nossa amiga docente (também Do-Sente) professora Laudeci Martins, deixando a vontade de aprender fazendo, de se compreender na profissão. Uma reflexão sobre modelos, sobre nossos modelos. O estímulo ao discutir. Questionamentos sobre pós-modernidade? ou sobre a pós-modernidade? há pós-modernidade? E as trans, inter e outras disciplinaridade. Profissionalidade, com sufixo não -ismo. Repare na diferença de dade e ismo.
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Bom demais.
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segunda-feira, 8 de junho de 2009

O terceiro módulo do curso Docência do Ensino Superior sofreu alteração na data de realização. Ele ocorrerá nos dias 26 e 27 de junho.

Reforçamos o convite a todos os Do-sentes a participarem deste empolgante módulo, ao tempo que é mais uma oportunidade de nos encontrarmos e dialogarmos, o que, diga-se de passagem, tem sido um grande prazer.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Educação para transformação


Uma leitura de um artigo.

Ruiz, M J F. O papel social do professor: uma contribuição da filosofia da educação e do pensamento freiriano à formação do professor. Revista Iberoamericana de Educação. n. 33, pp. 55-70, 2003.

Promover discussão teórica que substanciasse a reflexão dos professores e professoras sobre o papel social de sua formação, apoiando-se no referencial freiriano.

"Não existe educação neutra" Paulo Freire, 1960s; Haydt,1997.

É tarefa da filosofia da educação intencionalizar a prática educacional.

Professores e professoras têm um papel, sobretudo político e precisam problematizar a educação, buscando o porquê e o para quê do ato educativo; mais que isto, sua tarefa é ade quem incomoda, de quem evidencia e trabalho o conflito, não o conflito pelo conflito, mas o conflito para a superação dialética.

Os professores e professoras estabrelecem uma relação dialógica com o saber, buscando uma sociedade democrática e coletiva, ou reproduzem a lógica do sistema no interior das escolas através de seleções, de estímulos à individualidade e à competitividade?

O papel dos profissionais da educação precisa ser repensado. Esses naõ podem mais agir de forma neutra nessa sociedade de conflito, não pode ser ausente apoiando-se apenas nos conteúdos, métodos e técnicas; não pode mais ser omisso, pois os alunos pedem uma posição desses profissionais sobre os problemas sociais, não com o intuito de inculcação ideológica de suas crenças, mas como alguémm que tem opinião formada sobre os assuntos mais emergentes e que está disposto ao diálogo, à problematização de seu saber.

Atualmente não se pode mais apoiar-se em teses que apregoam que a educação não pode mudar enquanto não houver mudança estruturais no sistema. Faz-se necessário acrediatr com Gadotti, que, apesar da educação não poder sozinha transformar a sociedade em questão, nenhuma mudança estrutural pode acontecer sem a sua contribuição. A transformação social, que muitos almejam pra uma sociedade mais justa, com menos desigualdades, onde todos tenham voz e vez, só será possível a partir do momento que se evidenciem os conflitos, não tentando encondê-los ou minimizá-los, mas que os tragam à tona, para que assim a educação não contribua como mecanismo de opressão, buscando a superação e não a manutenção do status quo.

Cita Gadotti (1998):

"O homem faz a sua história intervindo em dois níveis: sobre a natureza e sobre a sociedade. O homem intervém na natureza e sobre a sociedade, descobrindo e utilizando suas leis, para dominá-la e colocá-la a seu serviçao, desejando viver bem com ela. Dessa forma ele intervém sobre a sociedade de homens, na direção de um horizonte mais humano. Nesse processo ele humaniza a natureza e humaniza a vida dos homens em sociedade. O ato Pedagógico insere-se nessa segunda tipologia. É uma ação do homem sobre o homem, para juntos construírem uma sociedade com melhores chances de todos os homens serem mais felizes"

Gadotti (1998) entende (assim como Paulo Freire) que existem quatro categorias, entre outras que podem contribuir para que a educação promova transformações substanciais, possa mudar comportamentos: contradição, divergência, desobediência e desrespeito.

Na contradição, o homem se percebe inacabado, levando-o a certo desequilíbrio necessário para o ato pedagógico transformador.

A divergência revela a sociedade plural e multifacetada, com múltiplas possibilidades de encara um mesmo conflito.

É através da desobediência que acontece o progresso humano, pela reafirmação do eu de cada um, e pelo desenvolvimento de uma consciência crítica.

O desrespeito no campo das idéias pode provocar mudanças estruturais, caso contrário corre-se o risco de perpetuação do status quo, mantendo o indivíduo na sua posição, na segurança que lhe dá o sagrado ou o consagrado em sua vida.

A educação pode promover nos estudantes uma consciência social e política, porém não política partidária, visando à melhoria da qualidade do ensino, à melhoria das relaçoes interpessoais que se travam na escola, à melhoria da organização do trabalho que se desenvolve na escola, dentre outros fatores que só um estudante politizado pode reivindicar. A educação não pode negar a sociedade que está inserida.

A utopia é precisa porque reafirma a necessidade de transformação, que pode acontecer de forma lenta, mas que permea o que fazer do educador, a partir do momento em que a criança ingressa na escola, desde a educaçãoinfantil até os níveis superiores, pois não se pode esperar que o estudante que, desde pequeno é levado à submissão, cresça e se torne uma pessoa preparada para promover mudanças substanciais à humanidade.

Para Gadotti, educar nessa sociedade é tarefa de partido, isto é, não educa para a mudança aquele que igonra o momento em que vive, aquele que pensa estar alheio ao conflito que o cerca. É tarefa de partido porque não é possível ao educador permanecer neutro. Ou educa a favor dos privilégios ou contra eles, ou a favor das classes dominadas ou contra elas. Aquele que se diz neutro apenas servindo aos interesses do mais forte. No centro, portanto, da questão pedagógica situa-se a questão do poder.

Não se deve reduzir o ato pedagógico ao político, mas não se pode ignorar este.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Algo sobre as cotas....

enviado por professor3f

Os negros desorganizariam as universidades, como a Abolição destruiria a economia brasileira

QUEM ACOMPANHASSE os debates na Câmara dos Deputados em 1884 poderia ouvir a leitura de uma moção de fazendeiros do Rio de Janeiro: "Ninguém no Brasil sustenta a escravidão pela escravidão, mas não há um só brasileiro que não se oponha aos perigos da desorganização do atual sistema de trabalho."

Livres os negros, as cidades seriam invadidas por "turbas ignaras", "gente refratária ao trabalho e ávida de ociosidade". A produção seria destruída e a segurança das famílias estaria ameaçada.
Veio a Abolição, o Apocalipse ficou para depois e o Brasil melhorou (ou será que alguém duvida?).
Passados dez anos do início do debate em torno das ações afirmativas e do recurso às cotas para facilitar o acesso dos negros às universidades públicas brasileiras, felizmente é possível conferir a consistência dos argumentos apresentados contra essa iniciativa.

De saída, veio a advertência de que as cotas exacerbariam a questão racial. Essa ameaça vai completar 18 anos e não se registraram casos significativos de exacerbação. Há cerca de 500 mandados de segurança no Judiciário, mas isso nada mais é que a livre disputa pelo direito.

Num curso paralelo veio a mandinga do não-vai-pegar. Hoje há em torno de 60 universidades públicas com sistemas de acesso orientados por cotas e nos últimos cinco anos já se diplomaram cerca de 10 mil jovens beneficiados pela iniciativa. Havia outro argumento: sem preparo e sem recursos para se manter, os negros entrariam nas universidades, não conseguiriam acompanhar as aulas, desorganizariam os cursos e acabariam deixando as escolas.

Entre 2003 e 2007 a evasão entre os cotistas na Universidade Estadual do Rio de Janeiro foi de 13%. No universo dos não cotistas, esse índice foi de 17%. Quanto ao aproveitamento, na Uerj, os estudantes que entraram pelas cotas em 2003 conseguiram um desempenho superior aos demais. Na Federal da Bahia, em 2005, os cotistas conseguiram rendimento igual ou melhor que os não cotistas em 32 dos 57 cursos. Em 11 dos 18 cursos de maior concorrência, os cotistas desempenharam-se melhor em 61 % das áreas.

De todas as mandingas lançadas contra as cotas, a mais cruel foi a que levantou o perigo da discriminação, pelos colegas, contra os cotistas. Caso de pura transferência de preconceito. Não há notícia de tensões nos campus. Mesmo assim, seria ingenuidade acreditar que os negros não receberam olhares atravessados. Tudo bem, mas entraram para as universidades sustentadas pelo dinheiro público.

Tanto Michelle Obama quanto Sonia Sotomayor, uma filha de imigrantes portorriquenhos nomeada para a Suprema Corte, lembram até hoje dos olhares atravessados que receberam ao entrar na Universidade de Princeton. Michelle tratou do assunto em seu trabalho de conclusão do curso. Ela não conseguiu a matrícula por conta de cotas, mas pela prática de ações afirmativas, iniciada em 1964. Logo na universidade onde, em 1939, Radcliffe Heermance, seu poderoso diretor de admissões de 1922 a 1950, disse a um estudante negro admitido acidentalmente que aquela escola não era lugar para ele, pois "um estudante de cor será mais feliz num ambiente com outros de sua raça". Na carta em que escreveu isso, o doutor explicou que nem ele nem a universidade eram racistas. (Elio Gaspari colunista de Folha)