quinta-feira, 4 de junho de 2009

Educação para transformação


Uma leitura de um artigo.

Ruiz, M J F. O papel social do professor: uma contribuição da filosofia da educação e do pensamento freiriano à formação do professor. Revista Iberoamericana de Educação. n. 33, pp. 55-70, 2003.

Promover discussão teórica que substanciasse a reflexão dos professores e professoras sobre o papel social de sua formação, apoiando-se no referencial freiriano.

"Não existe educação neutra" Paulo Freire, 1960s; Haydt,1997.

É tarefa da filosofia da educação intencionalizar a prática educacional.

Professores e professoras têm um papel, sobretudo político e precisam problematizar a educação, buscando o porquê e o para quê do ato educativo; mais que isto, sua tarefa é ade quem incomoda, de quem evidencia e trabalho o conflito, não o conflito pelo conflito, mas o conflito para a superação dialética.

Os professores e professoras estabrelecem uma relação dialógica com o saber, buscando uma sociedade democrática e coletiva, ou reproduzem a lógica do sistema no interior das escolas através de seleções, de estímulos à individualidade e à competitividade?

O papel dos profissionais da educação precisa ser repensado. Esses naõ podem mais agir de forma neutra nessa sociedade de conflito, não pode ser ausente apoiando-se apenas nos conteúdos, métodos e técnicas; não pode mais ser omisso, pois os alunos pedem uma posição desses profissionais sobre os problemas sociais, não com o intuito de inculcação ideológica de suas crenças, mas como alguémm que tem opinião formada sobre os assuntos mais emergentes e que está disposto ao diálogo, à problematização de seu saber.

Atualmente não se pode mais apoiar-se em teses que apregoam que a educação não pode mudar enquanto não houver mudança estruturais no sistema. Faz-se necessário acrediatr com Gadotti, que, apesar da educação não poder sozinha transformar a sociedade em questão, nenhuma mudança estrutural pode acontecer sem a sua contribuição. A transformação social, que muitos almejam pra uma sociedade mais justa, com menos desigualdades, onde todos tenham voz e vez, só será possível a partir do momento que se evidenciem os conflitos, não tentando encondê-los ou minimizá-los, mas que os tragam à tona, para que assim a educação não contribua como mecanismo de opressão, buscando a superação e não a manutenção do status quo.

Cita Gadotti (1998):

"O homem faz a sua história intervindo em dois níveis: sobre a natureza e sobre a sociedade. O homem intervém na natureza e sobre a sociedade, descobrindo e utilizando suas leis, para dominá-la e colocá-la a seu serviçao, desejando viver bem com ela. Dessa forma ele intervém sobre a sociedade de homens, na direção de um horizonte mais humano. Nesse processo ele humaniza a natureza e humaniza a vida dos homens em sociedade. O ato Pedagógico insere-se nessa segunda tipologia. É uma ação do homem sobre o homem, para juntos construírem uma sociedade com melhores chances de todos os homens serem mais felizes"

Gadotti (1998) entende (assim como Paulo Freire) que existem quatro categorias, entre outras que podem contribuir para que a educação promova transformações substanciais, possa mudar comportamentos: contradição, divergência, desobediência e desrespeito.

Na contradição, o homem se percebe inacabado, levando-o a certo desequilíbrio necessário para o ato pedagógico transformador.

A divergência revela a sociedade plural e multifacetada, com múltiplas possibilidades de encara um mesmo conflito.

É através da desobediência que acontece o progresso humano, pela reafirmação do eu de cada um, e pelo desenvolvimento de uma consciência crítica.

O desrespeito no campo das idéias pode provocar mudanças estruturais, caso contrário corre-se o risco de perpetuação do status quo, mantendo o indivíduo na sua posição, na segurança que lhe dá o sagrado ou o consagrado em sua vida.

A educação pode promover nos estudantes uma consciência social e política, porém não política partidária, visando à melhoria da qualidade do ensino, à melhoria das relaçoes interpessoais que se travam na escola, à melhoria da organização do trabalho que se desenvolve na escola, dentre outros fatores que só um estudante politizado pode reivindicar. A educação não pode negar a sociedade que está inserida.

A utopia é precisa porque reafirma a necessidade de transformação, que pode acontecer de forma lenta, mas que permea o que fazer do educador, a partir do momento em que a criança ingressa na escola, desde a educaçãoinfantil até os níveis superiores, pois não se pode esperar que o estudante que, desde pequeno é levado à submissão, cresça e se torne uma pessoa preparada para promover mudanças substanciais à humanidade.

Para Gadotti, educar nessa sociedade é tarefa de partido, isto é, não educa para a mudança aquele que igonra o momento em que vive, aquele que pensa estar alheio ao conflito que o cerca. É tarefa de partido porque não é possível ao educador permanecer neutro. Ou educa a favor dos privilégios ou contra eles, ou a favor das classes dominadas ou contra elas. Aquele que se diz neutro apenas servindo aos interesses do mais forte. No centro, portanto, da questão pedagógica situa-se a questão do poder.

Não se deve reduzir o ato pedagógico ao político, mas não se pode ignorar este.

Nenhum comentário: