quinta-feira, 21 de maio de 2009

O entrópico processo de ensino aprendizagem I

POR Flávio Furtado de Farias

Um novo desafio à avaliação da aprendizagem do binômio educadoraprendiz em relação aos conteúdos curriculares pode ser encarado sob a luz das leis que regem os fenômenos naturais. As leis que se aplicam à energia e matéria entendidas pela Física, dada a sua abrangência, podem ser um bom início. E é a isto que me proponho. Neste processo entenderei a avaliação como parte da aprendizagem.

O processo insistentemente aplicado ainda hoje para a aprendizagem e sua avaliação é como o sol sobre a pedra nua do sertão, durante o dia, quente e cheia de energia, mas à primeira sombra do entardecer, a energia logo se dissipa, e à noite tem por companheiro, o frio. O olhar e a percepção mais aguçados analisarão ainda que mesmo durante o dia, o calor esvaece da pedra que se não esfria é pelo constante labor do sol sobre esta. Não há como fugir a esta tendência "desorganizadora" da energia. Esta se dissipa, espalha-se, perde-se.

A questão, pois, não é enfrentar esta tendência, mas compreendê-la e aproveitá-la. Observemos o que ocorre com os seres vivos. Comumente, veríamos como evidência de que é possível organizar a energia, contrariano o posto anteriormente. Não seria afinal organizado o ser vivo com todas suas células e sistemas funcionando em perfeição? Sua herança genética mantendo-os discretos ao longo dos séculos e mais? Contudo, esta análise apressada e superficial logo se confronta com o simples ato de se alimentar dos mesmos seres vivos. Observamos logo que tal qual um motor à diesel ou gasolina, estes mesmos seres vivos precisam desnudar a energia presente nos alimentos para manter sua própria "organização". Nada mais similar à pedra exposta ao sol. E, ao mesmo tempo, nada tão distante daquele quadro, posto que de natureza notadamente diversa, tanto que temos a dicotomia animado-inanimado.

Se os ditos seres vivos não renovarem da energia dos alimentos logo também "esfriarão na noite sertaneja". Porém, suas aparentes organização e complexidade nos seduzem. É este nível de complexidade e de organização que ensejamos implementar no proceso de avaliação e de aprendizagem em nossos cursos. Sem nos iludirmos conseguir fugir à tendência natural de aumento da entropia, como revelado pela física. Mas, nos aproveitando da possibilidade de acoplamento das reações, de forma que a energia antes de dissipar possibilite a execução de uma série de etapas. Estas etapas "retardam" o processo entrópico e dão o caráter organizacional dos seres vivos. Etapas que também podem existir em um processo de ensino aprendizagem "animado".

3 comentários:

Educador disse...

Valeu Flávio pelo artigo!

Leia Daniel Goleman, ele vai te formecer muitas outras informações que podem ser complementadas ao que você escreveu.
Continue escrevendo e colocando suas opiniões, elas são boas e aproveitáveis.
Pr. Alexandre Lima

Educador disse...

Flávio
Por favor me informe se o professor do último módulo passou algum trabalho. Não pude está presente no sábado à tarde, e não tive mais contato com ninguém.
Pr. Alexandre
Mande-me resposta para meu email.
alexipb@hotmail.com

Bernardo disse...

Muito interessante esta abordagem entrópica do ensino.
E na visão realmente da Termodinâmica (sou Eng.Quimico) o processo é cada vez menos entrópico quanto mais irreversível ele for.
O estudo deveria envolver mais etapas "químicas" irreversíveis. Hoje ele se baseia em:
Exposição => Exercícios => Revisão => Exercícios => Avaliação
E alguns alunos saltam a Revisão.
As Exposições precisam ter mais etapas professor/aluno.